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Natal: do Sagrado ao Mercado

O Natal, celebração que por séculos foi marcada pela devoção cristã ao nascimento de Jesus Cristo, tem se distanciado de suas origens religiosas, transformando-se em uma das maiores engrenagens do mercado capitalista. O que antes representava um momento de reflexão e comunhão, agora está envolto em uma explosão de consumo que, uma analise profunda, percebemos evidencias de manipulação ideológica do capitalismo para converter datas simbólicas em oportunidades de lucro.


Natal

O capitalismo, com sua capacidade de absorver e transformar práticas culturais em mercadorias instrumentalizou o Natal para alimentar o mercado. A figura de Jesus Cristo cedeu lugar ao Papai Noel, uma criação comercial consolidada pela publicidade. Vestido de vermelho, uma cor convenientemente alinhada à marca de uma multinacional de refrigerantes, Papai Noel é hoje o símbolo-mor de uma festa que promove o consumismo desenfreado, totalmente o oposto do que a data representa.


Em uma análises sobre a mercadoria, podemos observar como o capitalismo fetichiza produtos, atribuindo-lhes um valor que transcende sua utilidade. No Natal, esse fenômeno é exacerbado. Os presentes não são apenas objetos de troca; eles carregam uma carga simbólica que reforça laços sociais e atende à pressão de um sistema que associa afeto ao consumo. A felicidade, prometida como fruto da fraternidade cristã, agora está embalada em caixas de produtos eletrônicos, brinquedos ou perfumes, vendidos em promoções que alimentam o frenesi das compras de fim de ano.


Através desse ponto de vista, podemos analisar que o controle ideológico exercido pela burguesia também está presente na deturpação do Natal. Ao redefinir o sentido da data, o capitalismo promove uma falsa consciência que aliena os trabalhadores, desviando-os do verdadeiro sentido da festa e confinando-os a um ciclo de endividamento e consumo. A exaltação do consumo não apenas alimenta a desigualdade, mas também perpetua a exploração. As condições de trabalho precárias enfrentadas por aqueles que produzem e comercializam os bens natalinos revelam o custo humano desse sistema.


A indústria publicitária, por sua vez, desempenha o papel de superestrutura, reforçando os valores capitalistas ao transformar o Natal em um espetáculo. A mídia molda desejos e cria necessidades que não existem, enquanto romantiza o consumo como um ato de amor e generosidade. Em vez de questionar a distribuição desigual de riqueza e recursos, a narrativa midiática desloca o foco para a aquisição de bens materiais como solução para as carências emocionais e sociais.


Entretanto, há espaço para resistência. Redefinir o Natal como um momento de reflexão crítica sobre o consumo e suas implicações é um caminho possível. Movimentos comunitários e solidários podem resgatar o verdadeiro espírito de fraternidade, promovendo a partilha e a empatia, em vez da aquisição de mercadorias. Retomar a simbologia cristã, em sua dimensão de justiça social e igualdade, é uma forma de subverter a mercantilização imposta pelo capitalismo.


Assim, a transformação do Natal em um produto é mais do que um reflexo da expansão capitalista; é uma lembrança da necessidade de resistir ao sistema que reduz tudo à lógica do mercado. Reivindicar o significado do Natal é também reivindicar a humanidade que o capitalismo insiste em mercantilizar.


Jackson

Por: Jackson Matheus dos Santos - Graduando em História e Jornalismo - Colunista Canal Desenvolve Quatá

Fonte: Canal Desenvolve Quatá

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